Considerações Finais sobre como Sobreviver à Distopia Digital

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Traduzido por: Iann Zorkot
Revisado por: C4SS, Instituto Ágora, Vinicius Yaunner

Considerações Finais sobre como Sobreviver à Distopia Digital

Derrick Broze

No final de 2009, comecei a questionar o mundo ao meu redor e a me perguntar quem estava comandando o show. Consumi todo o material que pude encontrar sobre a história do governo, dos bancos, da classe dominante e do poder. Por um momento, fiquei convencido de que o fim do mundo, um colapso do governo, um estado policial ou algo assim estava chegando. Com o tempo, meus medos foram diminuindo à medida que olhei com mais razão para o mundo ao meu redor e também observei os muitos avanços positivos que estavam ocorrendo naquele mundo. Infelizmente, enquanto escrevo estas palavras, meus temores de uma desgraça iminente voltam. Só agora vejo a ameaça iminente do que estou chamando de Estado Tecnocrático.

Este estado é diferente de qualquer outro visto anteriormente na história da humanidade. Existe uma classe dominante totalitária e elitista, composta de tecnocratas e cientistas loucos, combinada com tecnologia digital não disponível aos regimes totalitários anteriores. Isso não é um bom presságio para o futuro da liberdade para todas as pessoas. A concepção moderna de liberdade tem apenas 300 anos e parece que a humanidade pode ter problemas para manter e expandir esse princípio necessário. Aparentemente, a humanidade ainda está decidindo se conceitos como privacidade e liberdade continuarão a prosperar.

A liberdade se expandirá para todas as terras da Terra ou os tiranos continuarão a reinar? Não pretendo saber exatamente como será o futuro, mas sei que o resultado será determinado por aqueles que decidirem se apresentar e agir. O direcionamento vai depender dos valores e princípios de quem se engaja e busca soluções. Aqueles que ficam à margem serão apenas engrenagens da máquina de outra pessoa. O tempo para a passividade chegou ao fim. Se você não quer perder a privacidade e, eventualmente, toda a liberdade, você deve agir para proteger a si mesmo e seus entes queridos.

A Tecnocracia está se manifestando e a cada dia fica mais claro que as massas vão engolir o veneno sem hesitar. Optar por não participar das conveniências e prazeres da rede inteligente não será uma escolha popular. Dizer não aos sistemas biométricos obrigatórios envolverá algum nível de risco. No entanto, em breve pode ser necessário tomar essas decisões para preservar sua privacidade e liberdade. Tentei esboçar porque acredito que a teoria da Contra-Economia de Samuel E. Konkin pode ser aplicada à batalha contra o estado totalitário de vigilância. A contra-economia fornece uma base filosófica para o simples ato de dizer “não” às regras de estado imorais ou injustas e fazer o que for preciso para prosperar.

Os fatos estão todos aí: quando o Estado se move para proibir uma atividade ou uma substância, ele cria uma contra-economia de pessoas que escolheram voluntariamente violar as demandas do Estado e fazer o que acharem necessário para sobreviver e prosperar. Essa contra-economia é uma das maiores economias do mundo e nenhuma parte dela é controlada por uma autoridade centralizada. O poder da Contra-Economia está em reconhecer o potencial de uma exclusão em massa de sistemas que não se alinham com nossos valores e são inerentemente imorais. Assim como na Ferrovia Subterrânea original, estou pedindo a criação de casas seguras, o transporte de refugiados e a objeção consciente às leis que tentam criminalizar aqueles que ajudam os fugitivos. Os “condutores” da Ferrovia Subterrânea original fizeram o que sabiam ser certo porque importava mais do que seguir cegamente palavras escritas em pedaços de papel.

Devemos nos inspirar nesse exemplo de atividade contra-econômica e conscientemente optar por sair da rede de controle tecnocrático. Se formarmos Células de Liberdade que promovem a atividade contra-econômica e encorajam o ceticismo em relação à Tecnocracia, podemos ter a chance de formar uma sociedade competitiva de comunidades livres que optaram por rejeitar vários níveis de tecnologia digital invasiva. Não podemos enfrentar esta tarefa monumental sozinhos. É de extrema importância que encontremos uma maneira de formar alianças e coalizões no interesse de salvar nossa liberdade coletiva.

Acredito que a exclusão do Estado Tecnocrático deve ser acompanhada pela exclusão do Complexo Militar-Industrial (CMI), do sistema bancário central, do sistema escolar, do complexo da mídia corporativa e do complexo farmacêutico. Isso não será fácil ou mesmo possível para todas as pessoas em todas as situações. Faça o que puder, onde puder. Consulte Agorismo Vertical e Horizontal quando precisar de ideias para se auto-excluir de uma ampla variedade de instituições e organizações que não representam seus interesses. Também recomendo passar um tempo revisando minhas explicações sobre as estratégias de Segurar as Pontas e Sair e Construir para ver onde você acha que seu caminho pode levá-lo.

Em última análise, cabe a cada indivíduo decidir seu futuro e a totalidade de cada uma de nossas escolhas definirá o caminho para toda a humanidade. Tentei entender como motivar outras pessoas a agir e descobri que liderar pelo exemplo é a melhor maneira de inspirar outras pessoas. Não precisamos todos seguir exatamente o mesmo caminho para alcançar o sucesso. Na verdade, quanto mais diversificado for o campo de indivíduos que empregam a ética contra-econômica, melhor será para nós. Cada um de nós será inspirado e motivado por diferentes estímulos, e cada um de nós alcançará e inspirará pessoas diferentes.

Não apenas todos nós somos motivados de forma diferente, mas nossos hábitos e estilos de vida também irão moldar nossa capacidade de sermos livres do Estado Tecnocrático. O nível de privacidade e liberdade que você manterá nos próximos anos será decidido por sua disposição de mudar, se adaptar e abandonar hábitos que enfraquecem sua capacidade de se livrar de sistemas de opressão. Essa luta entre o que você quer (liberdade) e suas ações (uma variável dependente de você) decide se seus desejos se tornarão realidade ou permanecerão uma fantasia.

Nível de Liberdade Desejado + Disposição para Mudar = Sua Experiência Real de Liberdade

Eu chamo isso de Fórmula da Liberdade – uma equação simples em que seu nível de liberdade desejado, mais sua disposição de mudar e se adaptar equivalem a sua experiência de liberdade e privacidade. Para determinar o melhor caminho para você mesmo, é importante entender quais são seus objetivos e como é sua visão ideal de liberdade e privacidade. Esta é a primeira parte da fórmula. Só depois de identificar claramente o que quer e o que não quer, você pode começar a perguntar o que está disposto a fazer para atingir esse objetivo. Embora alguns possam chamar isso de sacrifício, a realidade é que há muito tempo trocamos nossa inestimável privacidade e liberdade por conveniência e prazer. Você valoriza a conveniência de pular a fila no aeroporto em troca de sua impressão facial mais do que valoriza a privacidade? Vale a pena perder a privacidade apenas para fazer o download dos aplicativos e tendências mais recentes?

Ao imaginar as respostas a essas perguntas, peço humildemente que pare um momento para considerar as consequências da apatia e da complacência. As gerações futuras nunca foram mais dependentes daqueles que vivem hoje para corrigir o curso da humanidade. Chegamos ao ponto em que as crianças estão crescendo sem a noção de um mundo sem Internet, sem smartphones e sem uma rede inteligente. Provavelmente, essas gerações não terão uma compreensão verdadeira do valor e da importância da privacidade porque estão sendo criadas em uma cultura e época em que a privacidade dificilmente é uma preocupação. À medida que a Inteligência Artificial melhora, o Smart Grid 5G entra no ar e a Internet das Coisas surge, enfrentaremos decisões difíceis em relação à privacidade. Se escolhermos ser aqueles que planejaram com antecedência, optaram por não participar e formarmos comunidades livres, podemos deixar às gerações futuras um mundo que respeite os princípios de liberdade e privacidade. Embora esteja me faltando otimismo ultimamente, acredito que ainda há tempo para lançar as bases para a Ferrovia Subterrânea Contra-Econômica e construir o mundo melhor que sabemos ser possível.


Fonte: BROZE, Derrick; How to Opt-Out of the Technocratic State - 21/01/2020


Contra-Economia e Agorismo
A Ferrovia Subterrânea Contra-Econômica

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